Dizem que a vida é cheia de encontros e despedidas. Mas, existe um perigo! Na verdade, um grande perigo: o de transferirmos a transitoriedade de nossa presença nas coisas do cotidiano para nosso relacionamento com Deus. Em outras palavras, existe o grande risco de nossa relação com Pai transformar-se em encontros e despedidas.
Vejo homens e mulheres envolvidos em convivências fugazes, alígeras. Nutre-se um amor na sexta que misteriosamente acaba na segunda. Relacionamentos transformados em envolvimentos, na expectativa de emoções novas, que de fato chegam. Porém, chegam com sua irmã-gêmea: a frustração. Envolvimentos possuem prazos, relacionamentos não.
A humanidade aprendeu a edificar torres imensas, mas não aprendeu a edificar o amor e a convivência. Os homens inventaram aviões supersônicos para chegar rapidamente às maiores distâncias, mas não conseguem chegar ao coração de um irmão. Expressões do tipo “o homem é o lobo do próprio homem” (Hobbes) parecem fazer sentido num mundo fugaz. Mas, nunca – repito, nunca – encontrará sentido no Evangelho do Pai!
No Reino de Deus, ambiente onde a vontade do Pai é feita, as pessoas enxergam, tocam, amam, sentem, ajudam, alegram umas as outras. Esse conjunto de verbos atende pelo nome de: relacionamento.
Deixemos os encontros e despedidas para as situações que, de fato, são necessárias, como nas viagens, por exemplo. A saudade é ônus do viver. Portanto, visite, viaje, perdoe, vá, volte. Agora, não experimente esse vai-e-vem com o Senhor, para isso desfaça as malas daquilo que te afasta de Deus.
Por Raphael Abdalla